Jamil Almansur Haddad nos anos 1940 o poeta vestindo ao mesmo tempo gravata e robe chambre. Crédito arquivo pessoal de Luiz Alcino Teixeira Leite, filho da primeira esposa do poeta. Jamil Almansur Haddad na década de 1970. Crédito espólio do poeta.
Jamil Almansur Haddad, médico, poeta, crítico e tradutor brasileiro teve a trajetória marcada por paradoxos. Descendente de imigrantes libaneses, desempenhou papel central nos meios intelectuais, ao atuar como colaborador na imprensa e publicar pelas grandes editoras. Foi o primeiro em traduzir, integralmente ao português, as Flores do Mal, de Charles Baudelaire, e introduziu as obras do Marques de Sade no país, quando o escritor maldito era proibido de ser vendido até mesmo na França. Ao defender o uso de versificações tradicionais e cultuar ideais poéticos românticos, se manteve “retrógrado” em áreas nas quais as correntes vanguardistas exigiram ruptura. Por outro lado, foi vanguardista ao romper tabus médicos, literários e políticos e, assim, taxado de incoerente. Hoje, embora conhecido pelo trabalho como tradutor, sua poesia foi esquecida. Como situar no tempo e no espaço e abarcar a trajetória de um autor cuja produção heterodoxa foi escassamente documentada, que se recusava a dar explicações sobre sua lírica, não se vinculou aos movimentos literários brasileiros ou aos poetas da imigração árabe e que, enquanto viveu, foi tachado de “incoerente”? Ao colocar sua produção literária em paralelo, pesquisar em livros de crítica e historiografia literária e no pouco material que restou do seu espólio – além de realizar entrevistas com familiares e amigos – constatamos que, mesmo com os desvios, há temas que ecoam em sua produção literária e na sua vida, do começo ao fim. Um deles é a ideia do estrangeiro, do fora de lugar, daquele que não se enquadra e, mais do que isso, daquele que não deseja ser enquadrado. Assim, a experiência da alteridade esclarece pontos de articulação significativos entre vida e obra. Ainda, observamos que seu trabalho como tradutor e crítico reverberou nos versos, em particular assuntos relacionados ao Oriente, ao Barroco e ao erotismo, de forma que seu caminho lírico também pode ser reconstruído a partir de leitmotivs recorrentes das traduções e ensaios.
Quando: 22/08, 4ª feira, das 19hs às 21h30
Palestrante: CHRISTINA STEPHANO DE QUEIROZ
Jornalista formada pela PUC-SP, com mestrado em Identidades Culturais pela Universidade de Barcelona (Espanha). Sua tese de doutorado, defendida no final de 2017 na FFLCH-USP, resgatou a biografia e o percurso literário de Jamil Almansur Haddad (1914-1988), poeta, tradutor e crítico brasileiro de ascendência libanesa. O estudo foi indicado ao Prêmio Tese Destaque da USP, em 2018. Jornalista na editoria de Humanidades da revista Pesquisa Fapesp, Christina também atua com o desenvolvimento de pesquisa e roteiro para documentários. Seu trabalho audiovisual mais recente foi uma série sobre a Osesp que acaba de estrear no canal Arte1.
Local: Auditório da Livraria Martins Fontes Paulista, Av. Paulista, 509, 2º andar. Estacionamento conveniado: Rua Manoel da Nóbrega, 88 ou 95. Metrô Brigadeiro
Investimento: R$ 45,00 por palestra
Forma de pagamento:
Através de Pagseguro ou depósito/transferência bancária: Santander ag. 4779 c/c 01027512-7 (Heloisa Julien CPF 076555268-00). A inscrição somente será efetivada após o envio de comprovante de pagamento para cursos@lentecultural.com.br
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